no meio da pedra tinha um caminho

respiro fundo antes de trilhar mais um passo em direção às guias de madeira que desenham meu caminho pela ponte já velha e defasada em que me apoio. fato interessante sobre esse caminho: ele já foi percorrido muitas e muitas vezes, por muitas e muitas pessoas e ninguém — nem por um segundo — pensou em reconstruir essa maldita ponte.

primeiro: por que DIABOS essa ponte é a única maneira de chegar ao meu destino? amaldiçoado sejam os deuses que a projetaram! como, em pleno século 21, um único percurso decide o resultado final de uma era? isso não é justo e nem um pouco meritocrático — como insiste a fantasia neoliberal — eu quero liberdade, escolha e possibilidades, mas isso é socialista demais para eles. todos eles.

me sinto fracassada por não ser eu a quem construir um novo caminho, me sinto frustrada por essa merda de ponte estar quebrada, me sinto ridícula por ainda desejar viver passos calmos em uma clareira bonita, aberta, florida e ensolarada.

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